sábado, 8 de outubro de 2016

São Paulo, 08 de outubro de 2016. Mobilidade, educação e a eleição.

Após ler o post do Arturo Alcorta (disponível em: http://escoladebicicleta.blogspot.com.br/2016/10/carta-aos-cicloativistas_5.html?spref=fb ), senti a necessidade de escrever aqui após um longo tempo minha visão sobre a atual situação na cidade de São Paulo.
Pedalo desde meus 4 anos (sem rodinhas) de Riversul até chegar em São Paulo, foram km pedalados diariamente, como lazer e transporte. No interior a  bicicleta me levava para visitar minha amiga que morava no sítio, para a universidade, para o mercado e quando pisei e São Paulo em 2000, o medo de pedalar me dominou, pedalava somente aos domingos, me limitando ao Minhocão.
Depois, descobri as bicicletadas, passei a reivindicar ciclovias, participei de pedaladas para colocar ghost bikes, fui perdendo o medo aos longo dos anos e hoje pelo menos três vezes na semana vou trabalhar de bicicleta, nos demais dias opto por caminhar, utilizo o transporte público e deixo meu carro para viajar ou trajetos mais complexos.
Eu me recordo da polêmica ciclofaixa (em Moema) da gestão Kassab, estacionamento do lado da ciclofaixa que foi corrigido e comerciantes revoltados.
Eu já deixei de comprar várias vezes, porque não encontrei local adequado para prender minha bicicleta perto do comércio.
Eu me recordo da polêmica implantação das faixas de ônibus, dentre tantas que se passaram.
Eu me recordo da notícia de ciclistas brasileiros pedalando em via proibida na cidade de Toronto no Canadá durante o Pan.
Eu vejo ciclistas mal educados, em alta velocidade desrespeitando os pedestres. Eu mesma fui "quase atropeladas por ciclistas na calçada" pelo menos duas vezes.
Eu já vi colisões na ciclofaixa, que poderiam ter terminado mal.
Eu já vi cadeirantes, muitos, ocupando a ciclofaixa, a ciclovia, bem como skatistas, pedestres, catadores de papelão.
Eu já vi idosa cedendo lugar para idosa no ônibus, porque um jovem se fazia de desentendido diante da situação.
Eu já vi cadeirante tendo que pedir licença para outro "desentendido" dentro do ônibus.
Os mesmos que falam porque na Europa é assim, assado, aqui querem pedalar em vias expressas, competir com os carros, desrespeitar pedestres, talvez se façam de desentendidos. Querem seu espaço a qualquer custo.
Não é como uma guerra que vamos conquistar espaço, é respeitando que seremos respeitados.
Falta educação sim, para todos em todos os níveis (pedestres, motoqueiros, ciclistas, motoristas), bem como falta respeito, parar de olhar para o umbico, se colocar no lugar do próximo e pensar no coletivo.
Nos chamam de "vermelhos", desocupados e, como diria Cazuza: "transformam o país inteiro num puteiro".
Se deixam levar pelo ódio, mensagens que colocam uns contra os outros.
Não pensam no que o motoqueiro teve que enfrentar para entregar a pizza quentinha na casa.
Simplesmente é quase impossível colocar-se no lugar do outro.
Precisamos de segurança para pedalar sim, mas precisamos aprender mais.
A eleição já passou, agora é voltar o olhar para o futuro, pensando no melhor para a cidade, sem esquerda, nem direita...






Nenhum comentário: