quarta-feira, 26 de outubro de 2005

Pedalando...

Quem me conhece bem sabe que desde meus quatro anos eu adoro pedalar todos os dias.
Sim, quatro anos, idade inesquecível, quando meu pai tirou as rodinhas laterais da bicicleta e eu pedalei pela primeira vez como gente grande.
É claro que a alegria durou pouco, e ao fazer estripulias, pedalando em zigue zague eu levei meu primeiro tombo.
Nada melhor do que levantar, chorando, ou melhor berrando, como toda criança enlouquecida, e ainda implorar ao pai para não colocar as rodinhas de volta.
Já se foram vinte e três anos deste episódio e há cinco anos que deixei de pedalar diariamente, pedalar no meio do mato, ir pra aula de bicicleta...
São Paulo, a cidade que me tirou das trilhas e me colocou nos trilhos, sem saber, o quanto eu sentiria falta das trilhas, confesso que é uma das coisas que mais sinto falta atualmente e ontem como de costume quando vou a Riversul, peguei minha bicicleta e me joguei nas estradas de terra, pedalei, pedalei, até que encontrei uma boiada, parei, esperei a boiada passar, e continuei a pedalar, uma subida sem fim, mas eu queria chegar no topo, cansei, já dava pra ver a cidade atrás, lá embaixo, os morros, pássaros, bois, vacas, parei, fotografei minha cara suada e resolvi ir além quando a corrente arrebentou.
Fiquei p da vida, catei a corrente, empurrei a bike até um local onde a mata começava a se fechar, pensei na Fernanda, comecei a sorrir, sentei na bike e mandei um torpedo pra ela contando a minha situação, contemplei a natureza, o silêncio e pensei: "Legal, ainda bem que a maior parte é descida."

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