Quem me conhece bem sabe que desde meus quatro anos eu adoro pedalar todos os dias.
Sim, quatro anos, idade inesquecível, quando meu pai tirou as rodinhas laterais da bicicleta e eu pedalei pela primeira vez como gente grande.
É claro que a alegria durou pouco, e ao fazer estripulias, pedalando em zigue zague eu levei meu primeiro tombo.
Nada melhor do que levantar, chorando, ou melhor berrando, como toda criança enlouquecida, e ainda implorar ao pai para não colocar as rodinhas de volta.
Já se foram vinte e três anos deste episódio e há cinco anos que deixei de pedalar diariamente, pedalar no meio do mato, ir pra aula de bicicleta...
São Paulo, a cidade que me tirou das trilhas e me colocou nos trilhos, sem saber, o quanto eu sentiria falta das trilhas, confesso que é uma das coisas que mais sinto falta atualmente e ontem como de costume quando vou a Riversul, peguei minha bicicleta e me joguei nas estradas de terra, pedalei, pedalei, até que encontrei uma boiada, parei, esperei a boiada passar, e continuei a pedalar, uma subida sem fim, mas eu queria chegar no topo, cansei, já dava pra ver a cidade atrás, lá embaixo, os morros, pássaros, bois, vacas, parei, fotografei minha cara suada e resolvi ir além quando a corrente arrebentou.
Fiquei p da vida, catei a corrente, empurrei a bike até um local onde a mata começava a se fechar, pensei na Fernanda, comecei a sorrir, sentei na bike e mandei um torpedo pra ela contando a minha situação, contemplei a natureza, o silêncio e pensei: "Legal, ainda bem que a maior parte é descida."
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